quinta-feira, 6 de junho de 2013

Artigo de Opinião


(Antes de ler este artigo, procure ler as análises do blog sobre a obra).

Determinismo “indeterminante”

Porque a obra “O Cortiço” acaba mostrando que o espelho da sociedade começa a desbotar com o passar do tempo.

Durante a leitura do clássico naturalista “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, pode-se perceber porque este romance é considerado determinista e universalista, com tantas críticas à visão da pobreza, do homossexualismo, da traição, do capitalismo selvagem, numa sociedade do final do século 19, que se encaixariam perfeitamente nos dias de hoje.

Para aqueles que ainda desconhecem, o “universalismo” se baseia numa crítica ou em um conceito que não está preso a problemas de única época e lugar, já o determinismo prega “o homem como resultado do meio”, ou seja, o comportamento de todo ser humano é determinado pelo ambiente onde vive.

Entretanto, esta visão determinista pode soar sou um tanto preconceituosa nos dias de hoje: só porque alguém vive em uma comunidade pobre, não quer dizer que esta não terá boa índole, ou se envolverá com crimes e drogas, ou até mesmo frenquentar determinados lugares. De fato, muitos professores, auxiliares, guardas e até mesmo estudantes de escolas particulares agora moram nas conhecidas “favelas” antes ocupadas por lavadeiras, trabalhadores e prostitutas, como representado no livro.

A obra não faz uma crítica direta ao cortiço, mas sim utiliza das ações e pensamentos das personagens para caracterizar a sociedade pobre da época, porém pela visão das classes altas, que nunca tiveram de viver nas condições em que os protagonistas viveram.

Na verdade, Azevedo parece defender que ações marginais do cortiço são extremamente restritas aquela parcela da população, no entanto, basta dar uma olhada nos jornais de hoje e perceber que até mesmo pessoas que tem família, trabalho, dinheiro, e status social acabam se envolvendo com drogas, crimes e assassinatos.

É claro, ainda existem muitas pessoas que vivem em regiões desfavorecidas que não agem de maneira determinada e correta, mas não é por causa dessa maioria que devemos considerar todos marginas, principalmente nos dias de hoje.
Guilherme Hammel Cattaneo

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