(Antes de
ler este artigo, procure ler as análises do blog sobre a obra).
Determinismo “indeterminante”
Porque
a obra “O Cortiço” acaba mostrando que o espelho da sociedade começa a desbotar
com o passar do tempo.
Durante a leitura do
clássico naturalista “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, pode-se perceber
porque este romance é considerado determinista e universalista, com tantas
críticas à visão da pobreza, do homossexualismo, da traição, do capitalismo
selvagem, numa sociedade do final do século 19, que se encaixariam
perfeitamente nos dias de hoje.
Para aqueles que ainda
desconhecem, o “universalismo” se baseia numa crítica ou em um conceito que não
está preso a problemas de única época e lugar, já o determinismo prega “o homem
como resultado do meio”, ou seja, o comportamento de todo ser humano é determinado pelo ambiente onde vive.
Entretanto, esta visão
determinista pode soar sou um tanto preconceituosa nos dias de hoje: só porque alguém
vive em uma comunidade pobre, não quer dizer que esta não terá
boa índole, ou se envolverá com crimes e drogas, ou até mesmo frenquentar determinados lugares. De fato, muitos professores, auxiliares, guardas e
até mesmo estudantes de escolas particulares agora moram nas conhecidas “favelas”
antes ocupadas por lavadeiras, trabalhadores e prostitutas, como representado
no livro.
A obra não faz uma crítica
direta ao cortiço, mas sim utiliza das ações e pensamentos das personagens para
caracterizar a sociedade pobre da época, porém pela visão das classes altas,
que nunca tiveram de viver nas condições em que os protagonistas viveram.
Na verdade, Azevedo parece
defender que ações marginais do cortiço são extremamente restritas aquela
parcela da população, no entanto, basta dar uma olhada nos jornais de hoje e perceber
que até mesmo pessoas que tem família, trabalho, dinheiro, e status social acabam
se envolvendo com drogas, crimes e assassinatos.
É claro, ainda existem
muitas pessoas que vivem em regiões desfavorecidas que não agem de maneira determinada
e correta, mas não é por causa dessa maioria que devemos considerar todos
marginas, principalmente nos dias de hoje.
Guilherme Hammel Cattaneo
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